A hospitalidade traz consigo a amizade como efectiva condição de realização da nossa vida. Parece não haver amigos. Mas há amizade, tal como professa Der-rida, se presentemente não existem amigos, façamos justamente com que fu-turamente passe a haver, amigos desta "amizade soberana e mestra" (souveraine et maitrêsse amitié). Eis ao que chamo à atenção, respondei-me e será a nossa responsabilidade. A amizade não será nunca uma dádiva presente, pertence à experiência da espera, da promessa ou do empenhamento. O seu discurso pertence à oração, que inaugura, que nada verifica, que não se contenta com aqui-lo que será, que se transporta, neste lugar, onde uma responsabilidade abre ao "por-vir"1. Toda a hospitalidade será o "Zukunft" (o que há-de vir) da amizade, sendo esta um diálogo entre um anfitrião e um estrangeiro entre petições. A hos-pitalidade verdadeira deverá viver como amizade, onde há muitas promessas. Na hospitalidade, não há uma amizade estética, sendo de preferência, marcada pela amizade ética, que exige uma confiança e respeito incondicionais, como professa Kant, de tal forma que as duas pessoas presentes (anfitrião e estrangeiro) devem partilhar, não só as suas impressões, como também os seus julgamentos.(fragment tekstu)